segunda-feira, 27 de abril de 2015

O pior 1/4 de sonho que já tive na minha vida

No banheiro, alterada, na sacola preta pego a garrafa pra encher com água. Meus olhos com muita dificuldade se mantém abertos. "Tenho que parar com isso. Vulnerabilidade consciente não é do meu feitio". Tomada a decisão, me viro pro espelho ao meu lado esquerdo pra me olhar nos olhos e fincar minha palavra, e vejo meu reflexo que não me mostra com a sacola preta e a garrafa na mão. Um flash: eu, de rosto virado, braços na vertical, recusando a me ver naquele estado. Penso que por um momento me decepcionei muito comigo mesma. Meu corpo cai em câmera lenta com muita dor. Nos olhos, o horror me invade. Minha boca aberta para gritar em oitenta decibéis, mas nenhum som sai. Vejo gente passando pela porta e não consigo me redimir por um socorro. Estou presa no terror da negação, com a cabeça no chão, os músculos contraem e, nem mesmo o que é meu me é obediente.
Entre o dormir e acordar, vi que era um sonho. Um sonho que me disse o que fazer, me mostrou o quão perdida estava. O recado foi dado. Nada mais há o que fazer agora do que me purificar.

domingo, 26 de abril de 2015

estou sentindo uma sede desconhecida.
a falta que me move, me move.
a vontade de ver o que não existe aqui nessa cidade.
essa cidade que tanto me machuca, que tanto é preenchida por mais e mais corpos que não sabem se tocar, não se cuidam, muito se destratam, muito se envenenam.
quero ouvir o que o mar tem pra me dizer.
por que o sol, tão insistente, faz questão em não deixar um só de fora.
não quero me isentar desse direito de ser, sentir e agradecer.