sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pés no chão.

Andando de bicicleta pelo conjunto que morei por 3 anos, me dei conta que tanta coisa mudou.
Eu, minha cabeça, meu cabelo, meu corpo. A cada dia que passa minha miopia piora. A fachada das casas do conjunto mudam. É uma reforma diferente conforme vão passando os anos. Os buracos ficam mais fundos. E as pessoas mal saem nas ruas. Ninguém sabe quem é quem. E foi nessa corrente de pensamentos que percebi que nunca mais vou conseguir contato com uma velha amiga. Passei de rua em rua procurando a fachada da casa mais semelhante com a fachada da casa que existia na minha cabeça. E nada, e nada, e nada. Nem nada. Tudo diferente. Isso ia me causando um desespero porque eu queria tanto saber se ela ainda estava naquela casa. Mesmo que eu nem tocasse a campainha. Só queria ter certeza de que ela estava lá e assim alimentar uma chance de, talvez, encontrá-la. Agora, vai saber... Será que ela casou? Teve filho? Saiu da casa da tia? Reencontrou a mãe dela que morava no Rio de Janeiro? O que será que aconteceu com ela, pelo amor de Deus? Alguém sacia essa minha dúvida. Alguma coisa tem que me tirar desse desespero de não saber mais da vida dela. O pior: não ter mais nenhum tipo de contato com ela. Parei com a bicicleta no meio da rua. Fiquei mais de cinco minutos parada, olhando a areia, os meus pés, deixando o vento me açoitar e me veio a triste conclusão - assim como você tem certeza que sua mãe é sua mãe e que seu amor por ela é o maior que você possa ter sentido na sua vida - de que eu, realmente, não iria mais vê-la, e o máximo que eu poderia fazer era pensar nela, e estabelecer algum contato por algum tipo de fluido. É isso: eu amo muito a minha mãe e eu nunca mais vou ver minha velha amiga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário